quinta-feira, 9 de março de 2006

Meu Gato



Sete vidas numa existência.
Alma em forma bestial.

O que me contas do teu mundo,

Perfeito ser ágil e sensual?

Teu jeito me conta um segredo...

Caça e roubo! Fuga e medo!


Gosto de tua cordial saudação...

Imprevisível! Nunca da mesma direção.

Agora pare! Ou vais me tombar,

Sinto teu vulto em meus pés a dançar.

Mas onde estavas antes de eu chegar,

Infiel de perversa doçura?

Aconchega-se a minha presença,

Na minha ausência outros procura.

Teu interesse é só saciarte,

Leio em teus olhos toda a verdade.

Por vezes em meu colo

Prisioneiro de calorosa amizade,

Logo indiferente busca a liberdade.


Mas não me enganas matreiro felino,

Deves estar onde é proibido...


Doce e macio como mel e veludo,
Ouço no quarto teu ronronar.

És meu amigo ou impostor oculto?

Ora! Ora! Onde foi se aninhar!


Dois lumes perdidos na escuridão,

Olhos faiscantes de transgressão.

Tira fora tua coroa felpuda,

Mostra-me tua malvadeza desnuda.

Faz brincadeiras de encantamento,
Ora ira, ora carinho.

Garras gestantes de atrevimento,

Ora flor, ora espinho.


Dizem que vês outras dimensões,

Não tenho os teus olhos pra tal confirmar,

Mas olhas prum canto muito nervoso...

Pare bichano! Ou vou me assustar.

Pula em meu colo, sinto um alívio.

Amo e detesto teu jeito atrevido.

Já em meu peito vai se aninhando

Com um miado a debochar.

Teus olhos não mentem animal cruel,

Tu és doce e puro como mel


Vejo-me em flashs de tua vida,
Em tua felina forma de amar.
Instinto mestral na caça do tempo,

Pois parada ainda estou a te acariciar.


Mestre metálico do Astral,

Guia-me pela Quarta Vertical.

És mestre também no encantamento,

Pois aqui ainda estou a te rimar.

Isabel Batista

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