sábado, 24 de julho de 2010

O índio

Wings of a Dream - Charles Frizzel
Durante vários anos não tive mais nenhuma lembrança espontânea, também não tinha nenhuma obsessão por lembrar de algo, havia sim uma curiosidade e uma vontade de saber mais sobre o passado como conteúdo para auto conhecimento, mas não fiz qualquer esforço nesta busca, acreditava que quando fosse o momento aconteceria de novo. 
Creio que torna-se mais fácil reconhecer padrões negativos de comportamento quando a "personagem" é outra, diferente da sua atual, em outro ambiente, cercada de outro cenário, outra personalidade. Comportamentos já conhecidos saltam aos olhos. A mesma maneira de reagir as situações, os mesmos pensamentos e conceitos,  os sentimentos mais reativos e que se tornam ou não em emoções expressas. Nossa personalidade muda conforme o ambiente, família, sociedade ou comunidade, época, cultura, é o filtro do que somos em essência, a maneira como aprendemos a nos expressar para o mundo.
Pensando nisto, ponderei que talvez lembrar de vidas passadas, fosse uma boa ferramenta na busca de auto conhecimento e evolução. Com a técnica certa, poderia levar a frente a idéia.
Foram várias as técnicas que utilizei, uma delas veio em um livro. A autora reikiana como eu, relata seus muitos anos de estudo em terapia de regressão. Não me perguntem o nome do livro, faz muito tempo que me emprestaram, utilizei-o e o devolvi, ainda uso a técnica. A pratica tem uma limitação, tem de ser iniciado em Reiki e ter certa sensibilidade de tato (esta não é tão difícil).
No entanto para os não iniciados em Reiki relatarei, em outras histórias, outras técnicas utilizadas com êxito que não há limitações, embora esta talvez possa ser tentada levando em consideração apenas o shiatsu, pode ser que dê algum resultado, só experimentando pra confirmar.
A técnica proposta pela autora é a seguinte, ela relata que nosso corpo traz em seu DNA a memória das vidas passadas, estas podem ser despertas aplicando Reiki nos pontos do shiatsu, estes pontos não são tão difíceis de encontrar, basta um pouco de sensibilidade, percebe-se um ponto de shiatsu ao apertar a pele, a pele afunda como se o dedo encaixasse, isto não acontece em toda extensão da pele, o que facilita localizar os pontos. Então basta localizar um ponto qualquer, por exemplo da mão, ela descreve um ponto na mão, exatamente entre o dedo polegar e o indicador, foi o que eu usei. Aplica-se a técnica Reiki no ponto de shiatsu e faz-se uma concentração, concentre-se em energizar o ponto e deixe que as imagens venham livres a sua mente.

Sacred Arrow - Charles Frizzell
A lembrança que tive foi um fragmento, um flash, não constitui exatamente uma história completa, mas mais uma cena que fez sentido para mim.

Após alguns momentos de concentração estava em um ambiente árido, típico de um ecossistema como do Texas ou do sertão brasileiro. O sol estava quente e alto, haviam outras pessoas e fazíamos uma algazarra. Eu era um jovem nativo americano, tinha os cabelos longos, a pele queimada do sol. Parecia que estávamos envolvidos em uma brincadeira, eu suava e estava agitado, sentia-me muito vivo, forte, corajoso, sentia-me superando meus limites. Os outros eram tão jovens quanto eu, todos meninos também, e gritavam incentivando o que eu estava fazendo, sacudiam os braços, pulavam levantando poeira entre os arbustos e pedras e riam. Um medo instintivo tentava me tomar, mas eu o superava movido pelo incentivo dos outros, não podia dar pra trás.
O foco era no chão, havia algo no chão que era a atenção de todos. Eu não conseguia ver bem o que era, e ouvia um estranho som, estava afoito, tinha de pegar algo, até que vi por um relance aquele vulto esguio levantando-se repentinamente entre a nuvem de poeira e enfiando suas presas em minha mão... Era uma cascavel! Tudo envolveu-se em poeira...

Não sei o que aconteceu depois, se morri ou não, não senti a  dor da picada, a cena finaliza-se neste momento quando surpreendido pelo ataque súbito da serpente dou um impulso instintivo com o corpo para trás e tudo desaparece. Continuei a me concentrar, mas foi inútil, acabara a experiência.


Thunder Dance - Charles Frizzell
Estava deitada, de luz apagada e assim peguei no sono, pois sempre faço estas experiências antes de dormir, quando o momento é mais silencioso e propício à concentração. No outro dia notei surpresa, um hematoma no exato ponto em que pressionara, embora depois da experiência não lembre quando deixei de pressioná-lo, simplesmente relaxei. Mas incrivelmente foi no exato ponto também em que a cascavel havia me picado.
Descartei a possibilidade de haver pressionado tanto aquela área a ponto de criar um hematoma, afinal teria sentido alguma dor. Acredito que realmente tenha acessado a memória daquele exato ponto do meu corpo, por um "acaso" eu realmente tinha uma memória relativa aquele ponto. 
Acaso? Nada é por acaso!
Refleti sobre a experiência, fui muito mais longe no passado, mas mais uma vez eu tomara a decisão errada por impulso e movida pelo orgulho. Um padrão de comportamento auto destrutivo. Tive que reconhecer!
Há grande sabedoria nos povos indígenas,  creio que tenham aprendido muito com os próprios erros... E não é assim que aprendemos todos? Tomara, pois erros sempre haverão! 
Depois disto entendi por que sempre torcia para os índios nos filmes de bang-bang ou porque esta maravilhosa cultura me é tão significativa.

 
 


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