sábado, 30 de outubro de 2010

O Monge - 1ª Parte: O Santuário


Deitei-me e fui relaxando, visualizei-me deitada em um lugar, estimulava minha mente com lembranças de sons e odores, sensações, abri os olhos, mas continuei deitada visualizando as cores e as nuances de luz, as formas. Quando tudo tomou mais clareza e nitidez , estava em meu ponto de partida, era um lugar ao qual visualizava como um meio de chegar às várias dimensões possíveis de tempo e espaço, um lugar em minha mente, no meu coração, em alguma dimensão de mim ou talvez só tenha encontrado o caminho para lá. Não o descreverei em todos os detalhes, mas poderei dar uma ideia, no entanto é ilustrativo pois cada um cria ou acessa o seu, um lugar que se sinta bem e seguro, que lhe traga paz. Pode-se imaginar que se está acompanhado de alguém, seu anjo da guarda, mentor, ou qualquer pessoa com quem sinta-se bem. É um Santuário interior.

Desta vez eu estava "sozinha", não imaginei qualquer pessoa visível comigo, mesmo assim sentia a presença de conforto e segurança. Andei por entre as árvores, tudo estava iluminado como uma manhã de sol. Sentia a grama macia sob meus pés e o cheiro de terra e plantas verdes, sentia-me como em um útero. Então orei, pedi que fosse levada a uma experiencia ou lembrança que me trouxesse aprendizado para o momento atual.  (A oração e o pedido são a chave para que sejamos levados a experiencia necessária que nos auxiliará a evoluir.)



Continuei caminhando e uma névoa branca foi dominando o ambiente, calma e suave formando uma cortina alva a minha frente. Atravessei-a e caminhando fui percebendo que o ambiente mudara, ainda era uma floresta, mas muito mais antiga, em cada árvore que surgia havia um símbolo diferente, entalhado em seu tronco, toquei-os mas nada aconteceu, pensamentos vinham a minha mente como se alguém conversasse comigo e me explicasse os eventos que percebia, os quais eu indagava mentalmente; cada árvore era um portal para algum lugar ou tempo. Não fiquei sabendo se eram todos referentes a mim mesma ou era algum lugar com portas que qualquer um poderia abrir no momento certo.


Parecia que nenhum daqueles portais iria se abrir agora, eu não tinha acesso naquele momento, então continuei a caminhar até o que parecia o sopé de uma grande montanha, um paredão de rochas coberto de plantas, havia uma enorme fenda na rocha e em frente a ela um pequeno lago, pouco mais largo que um poço. A água era límpida mas o lago um tanto escuro, imaginei ser profundo. Segui o impulso de entrar na fenda, algo me dizia que podia ser ali o meu portal. Tentei mas não havia como se segurar na rocha ou pular para atravessar o lago, o local era muito úmido e escorregadio, tinha que entrar na água. (Não é fácil desvincular-se das crenças estabelecidas por toda a vida, como as leis da física as quais estamos expostos enquanto encarnados, é útil lembrar que estas leis não existem ou são diferentes na dimensão astral. Coisa de que não me lembrei...)


Fui entrando no lago, mas não consegui nadar, fui puxada pra baixo, submergi vagarosamente. Dentro do lago era claro, como não parecia ser de fora, fiquei ansiosa  temia afogar-me, mas sentia nitidamente aquela presença que me acompanhava e orientava, tive fé de que nada de mal poderia me acontecer, tudo dependia do controle mental e emocional.  Controlei-me, e logo percebi que respirava normalmente em baixo dágua, fiquei mais tranquila e comecei a emergir tão vagarosamente quanto afundei sem nem movimentar-me.  Dei impulso para chegar a fenda. Consegui! (Quando pedimos por uma experiencia, as vezes somos testados para averiguar se estamos em domínio do auto controle, equilibrados para viver ou reviver experiencias que podem mexer com nossos sentimentos. Dominar o medo é fundamental.)



A fenda era escura, mas a cada passo o caminho parecia mais claro, andei não mais que 2 metros e achei uma velha porta de madeira, então era ali o meu portal... Não sei onde me levaria, qual seria o aprendizado, o que experienciaria? Queria saber, por isto estava lá...
Abri e continuei por um corredor, parecia agora de pedras, como de uma construção antiga de castelo ou igreja. Havia outra porta a minha esquerda e entrei...


Observei o lugar, era dia, e alguma luminosidade entrava por janelas muito altas do chão, pareciam apenas a falta de uma pedra, um buraco. O lugar era mobiliado por poucos móveis simples e rústicos. Uma cama que parecia não ter colchão, ou era muito fino, um bidê ao lado da cama e uma mesa com o tampo inclinado, como uma mesa de desenho. Não havia ninguém no quarto, então fui entrando e fui até a mesa. Havia vários manuscritos, um tinteiro e uma pena, em um deles uma poesia inacabada que comecei a ler...

Não lembro das exatas palavras, falava algo sobre incompreensão e intolerância humana, quando li as últimas palavras escritas tomei naturalmente a pena e continuei a escrever, refletindo sobre o assunto. Então a porta se abriu e um monge franciscano entrou declarando: "Francisco! Francisco! Então você está ai!"
Eu já não lembrava ser outra pessoa senão aquele jovem monge chamado Francisco.

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