Moinhos rangendo pelas forças dos ventos
Licores amargos
Jardins esmagados
Adágios musicais
Cascas de bananas deslizantes
Rasteiras constantes
Olhos críticos
Lágrimas cítricas
Ouvidos surdos
Narizes trancados
Bocas estagnantes
Jogos perdidos
Águas e mentes poluídas
Ares de atitudes frias
Notas desafinadas sem compasso, sem tempo
Pássaros de asa quebrada
Borboletas sem flor, sem pouso
Fadiga sem repouso
Dia de frio ao relento
Cachorro sem dono, sarnento
Ingratidão
Amores perdidos
Amigos roubados
Solidão
Filhos esquecidos, ignorados
Sonhos abandonados
Vestidos rasgados
Vestígios apagados
Tecidos remendados
Peles ardidas
Corações sofridos
Promessas falsas, sem razão
Mares revoltos
Lamentos
Prantos e dores
Impaciência, sofreguidão
Jantar queimado
Vinhos avinagrados
Esquecimentos
Decepção
Frutas podres
Inversão de valores
Em vez de SIM!... NÃO!
Medos revoltos
Confusão
Enganos mentiras
Ilusão
Emoções em tiras
Oásis secos
Gargantas áridas
Trágicos arabescos
Traição
Sementes mortas
Vidas sem perpetuação
Falta de ar
Maré vermelha
Sensação provinda de sentimento
Sentir da tristeza a imensidão
Sei lá, talvez tudo que hoje veja tem este ar de desilusão
Um dia sem fé nem esperança
Um dia de perda de confiança
Desalento
As mãos viscosas das sombras
Vão se na contagem regressiva do tempo
Deste ano que finda
Adeus 2005
Já vais tarde!
Fica teu ensinamento.
Que o ano que desponta seja mais propício.
As vezes sentimos a vida assim...
Com o título, a identificação
Somente no fim
"Quem olha para fora sonha: quem olha para dentro acorda"
(Jung)
Isabel Batista
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