quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

O Movimento da Vida



Bela e pura era eu na imensidão

Mas atirei-me ao solo e tornei-me natureza


E a roda girou...


Não me viam, mas eu estava lá

Água, terra fogo e ar.

Pedra, chuva, raio e vento.

Tempestade, tormenta.

Vida latente de beleza


E a roda girou...


Meu espírito flutuava entre as flores

Beijado por pássaros da alegria e tristeza

Translúcido e lúcido de pureza

Entre o sábio carvalho e o amoroso jardim

Era eu a rosa amante e a criança jasmim


E a roda girou...


Tomei carne e instinto

Qual leão das savanas feroz e faminto

Senti a dor e o cio

Vivi no ar, na terra, na água do rio


E a roda girou...


Tomei mente, carne e intuição

E tornei-me em fim humana confusão...


Dez passos dei ainda com nobreza

Sete olhos tinha para enxergar

De como eu era me envaideci

Do que sabia me orgulhei

Mais do que os sonhos eu cobicei

Quis corpos e almas e me entreguei

E tudo que tinha eu engoli

Nada sobrou, se não, me omitir

Guardei energia só para odiar


Na consciência adormecida

Vaguei febril na ilusões da existência

Mas lá no fundo de minha essência

Ouço uma voz a ressoar...

... Somente o amor pode a consciência despertar


E a roda gira e gira no movimento da vida


Isabel Batista

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