sexta-feira, 16 de junho de 2006

Babel


"Estava eu tentando conexões com outros mundos quando de repente percebi que não haviam meios, ferramentas, acho que até perceber isto muitas mensagens se perderam... Talvez a caminho, talvez em mim mesma, talvez em algum lugar inacessível do seu destino."

As relações são bastante estranhas, ou nossa forma com que as definimos é que são ainda mais. Vemos aquilo que queremos ver, e definimos os conceitos simplesmente espelhando nossos desejos no outro, criamos um ser que não existe, ou completamos com nossa imaginação o ser existente, como referência do ser que amamos, cultivamos dia-a-dia uma ilusão muito bem cuidada, de que o que vemos no outro é a realidade, mas na verdade são os reflexos dos nossos anseios. Logo vem a frustração e a incompatibilidade entre o ser que criamos e o real e então começamos com as cobranças, nos sentimos traídos e tendemos a por esta culpa no outro, como se ele nos tivesse feito promessas, um pacto de se igualar ao nosso clone interno, mesmo que não houvesse pronunciado uma só palavra sobre esta questão.
Somos sim culpados em manter este padrão de pensamentos e atitudes, e muitos levam isto adiante por muito tempo, até ser tarde demais. Poucos despertam deste sonho grotesco, em que anulamos a verdade em prol de crenças falsas.
Respeitamos mais o que queremos e imaginamos do que o que realmente são as pessoas.
Não há pessoa que possa nos trazer a felicidade em seu coração, em sua alma, em sua presença por mais que esteja disposta, se não houver em nós mesmos um pouco desta felicidade latente à ser compartilhada. Se acharmos que podemos encontrar a felicidade no outro, pobre de nós quando esta pessoa for embora de nossas vidas. Leva consigo todo sonho de ser feliz e ainda a culpa de ter sido incapaz de torná-la real, e ainda o ressentimento e talvez raiva de ter sido considerado incapaz por nós. E o que nos sobra então... a infelicidade, a frustração.
Há uma frase muito sábia que define bem a busca da real felicidade... "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses. "A mensagem foi escrita há muito tempo em um Templo consagrado ao deus Apólo, em Delfos, na Grécia. É atribuída ao sábio filósofo Sócrates.
Não há como ter o que oferecer, no amor e em todas relações de afeto, se não soubermos nosso próprio conteúdo, se não sabemos de nossos tesouros e lixos. Se não reconhecemos nossos encantos e desencantos. É impossível amar sem que antes nos amemos. Como querer sermos amados e querer que enxerguem em nós o que também foge de nossa capacidade? E continuamos a também não amar o outro pelo que ele é, mas pelo que imaginamos que seja.
Vivemos em uma Babel emocional, mental... Humana. E acho que temos que aprender, ao menos ter esta vontade, de falar uma única língua, a do amor, e esta é universal.
E me vem esta conclusão, como se uma solução em duas frases muito conhecidas:
"Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses. "
“Ainda que falasse a língua dos anjos e dos homens, sem amor, nada seria.”

Isabel Batista

Um comentário:

Anônimo disse...

B. ótima poesia e alias esta é um ensinamento*!

depois nois bate no papo ^^

vou indo
to com soninho
bye
bye