domingo, 29 de janeiro de 2006

A mulher que encontrei... (Um conto íntimo)


Forest Wind - Jonathon Earl Bowser 

Há uma música que vem de algum lugar,
O calor e a sensualidade de um blues e a mágica e divina força
o encanto que me provoca o canto de Loreena ou Lisa Guerrard.
Vislumbro alguém a se aproximar,
vejo que dança e atrai o meu olhar.
Uma mulher... olhos de fogo, formas excitantes e perversas.
Dançava como se fosse a própria música,
levava a língua nos lábios como se lá sorvesse mel
mas sentisse o sabor e o calor da pimenta.
Seus quadris se movimentam em um primitivo delírio tribal,
acompanhar seu movimento é vertiginal,
Mas ela dança por vezes como a cavalgar,
lenta e ondulante uma dança do ventre original.
Seu colo se expõe e reluz de maciez e suor,
seus seios uma negra noite coroada de estrelas,
uma constelação.
Seu corpo é um universo de sedução...
Me rompe, esmagando o pudor, o tesão.
Guerreira gazela, mulher tigresa, ursa maior do meu ser,
o teu encanto faz meu corpo borbulhar... fascinação.
Todos os líquidos do meu corpo a ebulir.
Ahh... Que saudade senhora minha,
mulher sensualidade,
agradeço por ainda ousar existir.
Talvez a tenha esquecido
deixando-a só nas outras vidas que vivi.
Ela se aproxima e me toma pela mão.
E doce e quente e hipnótica diz trazer meu despertar.
E me seduz e me entrego ao seu bailar.
Ela me toca e sinto-me toda a arrepiar,
Ela é a tocha que no labirinto fui encontrar.
Ela me toma como que para construir o prazer
e sinto a as barreiras do pudor a fenecer.
Dança sensual, alegria plenitude das sensações.
Juntas agora roçando o corpo, unindo o suor,
me entrego a musica que parece me sublimar.
Violinos e tambores no ar a ressoar.
Vou descobrindo sensações nunca sentidas,
algo que me completa, que me faltava...Vida!
Sinto-me tonta, embriagada por ali estar,
com aquele ser que é puro delírio e tesão.
Sinto a isto me unir, agora vejo em mim a sedução.
E me surpreendo de repente,
por em minha vida sempre me tomar
pela menina que nunca quis a pureza abandonar.
Mas ela está permanece, faz parte de mim,
mas sinto algo mais neste momento...Um despertar.
Sinto-me carne, terra, sangue, sensação,
o céu e a terra em infinita comunhão.
O paraíso, o Éden encontro em mim.
Olhos nos olhos, à volúpia eu digo sim.
Não tenho mais medo do sabor, do prazer,
estou livre e pronta pra renascer.
Tocar sua pele é como no deserto se perder
e insaciável de mais tocar se perceber.
Olhar seus olhos é como em um mar negro se afundar,
sentindo o corpo com um milhão de beijos se deleitar.
Sinto meu corpo a banhar-se em quente e sangüínea circulação,
sentindo este movimento da vida, interna em ebulição.
Me entregarei aos prazeres desta carne que antes neguei
Tomarei posse do ser que me esqueci
A maciez dos nossos seios se encontra,
unem-se e se encaixam com perfeição.
Nossas línguas se entrelaçam num beijo sólido e explosivo,
Uma só boca, duas nascentes de sabor, um mar quente e fluido.
Nossos braços são vorazes serpentes
destilando o veneno que mata e sacia a avidez de se tocar,
de pertencer, de se entregar,
sensualmente se enroscando em nossos corpos ardentes.
Sentia o ato de respirar introvertido
... Agora a exalação vem em suspiro.
Nossas coxas vibrando...satisfação.
Nossos centros em movimento sensual, um segundo,
um século de contato vertiginoso,
excitado, exultante, prazeroso.
Sinto meu corpo a de repente sutilizar,
mais leve, vibrando em alta aceleração molecular.
Desejo, sensação, felicidade e emoção...
completa entrega, se apaixonar.
Glória dos sentidos,transformação,
vitória do se amar.
Nossos lábios se abrem ao conhecer,
da língua quente que penetra o nosso íntimo ser
e ali... se perder.
Eretas, intumescidas, úmidas a se entregar, ao gozo pleno,
ao órgão que agora só verbaliza o prazer.
Deleite do néctar do nosso corpo.
Ela entrelaça como se dali fizesse parte, e permanece,
explorando cada contorno, cada dobra,
cada célula que se esconde enrubescida,
ela toma, invade, acarinha atrevida
e onde havia dormência ela ressuscita a vida.
Nossos corpos, mentes explodem como em nova criação,
um big bang de êxtase e paixão.
Nos entregamos e integramos, agora um só ser,
somos uma mulher completa que acaba de nascer.
Agora unida a outra parte de mim, sou completa,
repleta, sou mulher de verdade.
A sensualidade, a parte que faltava, a paixão por mim mesma,
a minha integralidade.
Escondida, abandonada, reconhecida e resgatada.
Me entreguei aos prazeres desta carne que antes neguei.
Tomei posse do ser que me esqueci,
.. O descobri.
Fiz amor comigo mesma e renasci.
Somos uma em perfeita integração
Brotou em fim de minha alma o que faz ferver a alquimia,
a força transmutadora do ser,
o fogo da essência, que faz ao corpo a ela se ligar e aquecer.
A mulher que encontrei em... mim mesma,
veio me trazer o fogo, a sensação.
Uniu-se ao que já sou e me trouxe a revelação.
Comigo mesma, agora estou em plena comunhão.
Com o corpo respeitando a natureza,
em equilíbrio com minha alma e mente,
sempre em busca da divina consciência.

Isabel Batista

Um comentário:

Unknown disse...

saudações.
posso te dar uma sugestão, já que seus escritos me tocaram?

escute tudo que puder de :

all about eve.

espero que goste.

bjs